"Aquela coisa"

Rabiscado por Bianca Azulay , quinta-feira, 26 de maio de 2011 13:42

Acho que já está na hora de fazer um post dedicado a 'aquela coisa'.

Aquela coisa que persegue toda tímida garota, aquela coisa que todas nós já passamos [ou iremos passar] um dia.

Dedico esse texto a algumas amigas minhas, que vieram a mim pessoalmente, pelo facebook ou que se comunicaram através de blogs. Todas com algo em comum.

Amor Platônico.

No sentido comum, amor platônico acontece quando se ama uma pessoa e a mesma não sabe, ou não corresponde. Vi em uns sites e alguns preferiram chamar esse tipo de amor de sofrimento.

Pra falar a verdade, eu acho que sofrimento é um exagero. Tudo bem que às vezes seja bem doloroso, mas sofrimento já tem uma conotação bem mais pesada e dramática. Também não é pra tanto.

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A chuva caia como se cada gota pesasse toneladas, o céu estava sombriamente cinzento, haviam poças de água em cada rua, em cada esquina. Pessoas atravessavam amedrontadas com as trovoadas e sempre tentando se proteger da água que espirrava dos pneus dos carros.
Em um ônibus estava uma garota, olhar baixo, mãos acariciando umas as outras. Ela olhava sem rumo através da janela molhada ao seu lado.

Mais uma vez, ela tinha sido atacada por um sentimento que a perseguia a muito tempo, o ar que a fazia respirar e que, de certa forma, deixava seus dias com um maior significado. Sentimento esse que possuia características bem conhecidas. Ela era capaz de enumerar cada sintoma que caracterizava aquele estado para ela era tão familiar.

Chegou na universidade um pouco mais tarde que de costume e entrou na sala torcendo para encontrar o detentor de suas noites de sono. Aquele que teria o poder de fazer o dia daquela menina ser o melhor de todos ou o pior que ela já passou.
Ela abriu a porta.
E ele estava lá.

Ambos entreolharam-se trocando sorrisos e bom-dias. Por dentro, aquela garota era apenas felicidade.
Como de costume, sentaram-se lado a lado para assistir à aula. Por esse motivo, era difícil de se concentrar, ela olhava para ele de relance apenas para ter certeza de que ele ainda estava lá, e sempre que ainda o via ao seu lado, um sorriso tímido se formava em seus lábios.
Até que ele, por motivos que ela deduziu ser por causa da chatisse da aula, saia da sala.
E ela o via saindo com uma vontade de pedir para parar, ficar mais um tempo o mínimo que fosse. O que podia fazer senão apenas aceitar sua saída? Tinha que manter aquela máscara de indiferença.

Então ela ficava com o coração na mão, torcendo para que ele voltasse e ela pudesse o ver mais uma vez. Cada vez que a porta se abria, ela olhava esperançosamente. 'Não é ele' , pensa enquanto volta tristonha para o assunto da aula.
E então, quando realmente está prestando atenção na professora, ele abre a porta para desfazer aquela concentração toda.
- Ela já fez a chamada? - Sussurrou enquanto voltava para a carteira.
- Não, ainda não...

E ele voltava para o bloquinho de notas ou lia qualquer coisa.
ela apenas torcia para que a professora fizesse a chamada apenas no final da aula, ou que esquecesse... qualquer coisa, para apenas deixar aquele garoto do lado dela por mais alguns instantes.
Infelizmente a professora logo fazia a chamada e assim que o garoto marcava sua presença ele ia embora.
Bem que o nome dele poderia iniciar com W ou Z, assim ainda teria um pouquinho mais de tempo...

E era isso, ele ia embora. Não se importava com o que a garota sentia ou não, não se importava com a existência dela, não ligava, não sabia...
Não sabia que toda vez que ele dava as costas, ela sozinha, lamentava. Muito menos saberia que era motivo de suspiros e noites de sono mal dormidas.

Não tinha ideia do seu poder em relação àquela jovem.

E então o que ela poderia fazer senão voltar para a aula, para sua vida. Por que ela não podia agir que nem ele e esquecer que houve um garoto [que poderia tirar seu sono]? Qual seria a dificuldade?
Havia dias que eles se falavam mais, que ela expunha seu lado mais imaturo, mais sonhador. Isso, contudo, não era o suficiente...

Talvez fosse necessário mais segurança, mais força e mais maturidade para agir de forma mais adequada, talvez fosse necessário uma boa dose de realidade ou correntes que prendessem aqueles pés com asinhas embutidas à terra. Algum dia ela teria que tomar uma posição e finalmente chegar a conclusão: Será que isso que eu sinto é real ou eu estou apenas transformando-o numa hipérbole? E se for real, o que eu faço?

Sentimentos assim, escondidos ou mesmo rejeitados possuem uma tendência a se transformar em um mar de insegurança e instabilidade. No momento que isso está começando a te fazer mal, largue-o. Amor e coisas do gênero não vieram para causar dor, vieram apenas para ensinar. Nós é que crescemos e damos a tudo uma importância maior que a realidade.
Aqui, aos olhos de um espectadora que também já sofreu [ou sofre] da mesma coisa, brota um pouco mais de racionalidade em relação a isso.

Enquanto isso aquela garota volta para casa com seu coração pulsando mais rápido toda vez que começa a pensar nele. Como se tem uma posição mais real quando sua cabeça está dominada de sonhos e alegrias? Cair no chão e ver a dura realidade da vida... isso não é tão fácil, não é?

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Ok, talvez haja um FOORTE intertextualidade com o texto da tacinha xD mas é que foi o cenário perfeito. Sem falar que o texto me inspirou um pouco... :D




2 Response to ""Aquela coisa""

ascka Says:

Amor platônico...velho amigo.

Ana Says:

õh, isso foi dedicado a mim também? Que amor platonico não me faltaa! haha'
You know!

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